terça-feira, 8 de abril de 2008

BREVE PERFIL DE JOAQUIM REDONDO

Fomos todos surpreendidos com a notícia da partida do Joaquim Redondo.O Joaquim Redondo, «O Redondo» para os amigos, foi alguém que decidiu e conseguiu fazer do desporto que gostava a sua vida! Tinha 54 anos, era engenheiro de profissão, tinha família. Tudo isto parecia não existir. Vivia o remo intensamente, muito vezes para além dos limites físicos que a sua saúde impunha, estando sempre disponível para os seus remadores e para os outros que confiavam nele e o tratavam como igual.Sabíamos que alguns dias eram «muito não», eram dias que traziam uma guerra do passado para o presente; os dia «sim» eram imensos, de tal forma que muita gente usava e abusava.A engenharia era uma necessidade, o remo uma paixão. Foi assim que o conheci como treinador da Naval 1.º de Maio e a apoiar a Equipa Nacional de remo jovem em 1993 ou1994. Disponível para todas as operações logísticas, depressa se impôs como membro da equipa técnica do remo jovem e júnior. Foi, na altura, um dos poucos treinadores atento às «Bernardices», as zonas brancas e o Horizon, nome de código para o desenvolvimento e o remo para deficientes.Num dia de tempestade, o Redondo saiu da Naval e bateu à porta da Associação Fernão Mendes Pinto (AFMP), em Montemor-o-Velho: nasceu a secção de remo da AFMP, uma IPSS, e o protocolo com a APPACDM de Montemor-o-Velho. Não havia ainda a pista, apenas o leito novo do rio.O remo Adaptado, agora Sem Limites, passou a ombrear com o basquetebol e o ciclismo. O Redondo promovia uma actividade regular a nível do adaptado e das escolas, liderava organizações com cerca de duas centenas de remadores para Montemor, sempre com o apoio da AFMP e da Câmara Municipal. Aos Encontros Nacionais de Remo Adaptado somaram-se várias acções de formação e o Campeonato Nacional de Remo Indoor por equipas. O Joaquim Redondo implantou o remo em Montemor e a Pista Internacional de Remo passou de sonho para a agenda da autarquia, para plano e para a pista. Quando a Coupe teve lugar, avizinhava-se tempestade. O Remo Paralímpico dava os primeiros passos na FISA. O Joaquim Redondo representou a FPR nos Seminários FISA para o Remo Adaptado em Londres (1998), Roterdão (1999) e Filadélfia (2000). Depois da AFMP, era agora a vez do núcleo de remo da APPACDM de Soure e da orientação de outras actividades desportivas adaptadas, como a natação e o atletismo. Eram um desafio maior e a tempo inteiro.Com um pequeno plano de água em Soure, onde apenas cabiam uns boti-botas, e a pista a 30 quilómetros, o remo Sem Limites trouxe quatro ergometros para Soure e vários torneios anuais de remo adaptado, incluindo o Campeonato de Portugal da Anddem. Mas Soure, que também tinha a pista no concelho, não podia ficar sem remar na água. E não ficou! O núcleo de Remo Adaptado da APPACDM de Soure, sob a direcção técnica do Joaquim Redondo, tornou-se no pólo da primeira Equipa Nacional Adaptada. Num mês e meio, entre Soure e Montemor, formava-se a Equipa Nacional de Remo Adaptado e o Joaquim Redondo era o técnico. O primeiro Campeonato do Mundo estava à porta: num 4+ de 71kg cedido pelo SC Caminhense, a equipa ficava em sexto, à frente da Alemanha. A aposta estava ganha e o primeiro 4+ adaptado chegava a Soure.Entre 2002 e 2005, a actividade foi intensa. Repartindo a actividade entre o desporto para todos e a Equipa Nacional, o Joaquim Redondo participou em dezenas de provas de remo, atletismo e natação adaptados. Era a cara duma equipa que trouxe para Soure mais de uma dezena de eventos. Ainda havia tempo para treinar a equipa nacional, entre Soure e Montemor, com sessões bidiárias. O resultado foram três medalhas FISA: duas de bronze (em 2003 e 2004) e uma de prata (2005). O Redondo passava a ser um dos treinadores com mais medalhas FISA em Portugal.O sucesso trouxe nova tempestade e com ela nova mudança. Era tempo dos Seniores Mais e da Associação Vinha da Rainha e das suas equipas cheias de juventude entre os 65 e os 93 anos de idade. As exigências paralímpicas trouxeram mais um parceiro: o núcleo desportivo do Centro Hospital Rovisco Pais, na Tocha.Mas os desafios não ficaram por aqui: era tempo da inclusão da equipa adaptada na Equipa Nacional. O Joaquim Redondo era, desde 2005, o primeiro treinador da Equipa Paralímpica de Portugal, o elemento de ligação técnica com a Federação Portuguesa de Desporto para Deficientes e a ANDDEM.Agora, ele está aqui e noutro espaço e tempo.


José Nunes, in noticiasdorio.blogspot.com

1 comentário:

Anónimo disse...

Ficará concerteza na história do remo. abraço.